Os Yanomami
Os Yanomami constituem um dos maiores povos indígenas relativamente isolados da América do Sul, habitando um território que se estende por aproximadamente 192.000 km² entre o Brasil e a Venezuela, na região do maciço das Guianas. No Brasil, a Terra Indígena Yanomami foi demarcada em 1992 e abrange cerca de 9,6 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas.
Com uma população estimada em mais de 35.000 pessoas (sendo aproximadamente 27.000 no Brasil), os Yanomami estão divididos em subgrupos com variações linguísticas e culturais, como os Sanumá, Yanomam, Ninam e Yanomami propriamente ditos.
Tradicionalmente, os Yanomami vivem em grandes casas comunais chamadas yanos ou xaponos, estruturas circulares que abrigam várias famílias. Sua subsistência é baseada na agricultura de coivara (principalmente de mandioca e banana), caça, pesca e coleta de frutos e insetos da floresta.
A cosmologia Yanomami é rica e complexa, com uma visão de mundo que não separa o natural do sobrenatural. Os xamãs (xapiri) desempenham um papel fundamental como mediadores entre o mundo humano e o mundo dos espíritos, utilizando o pó alucinógeno yãkoana em seus rituais.
O contato mais intenso dos Yanomami com a sociedade não indígena ocorreu a partir da década de 1970, com a construção da rodovia Perimetral Norte e, posteriormente, com a invasão de garimpeiros em seu território, especialmente durante a "corrida do ouro" de Serra Pelada nos anos 1980. Estas invasões trouxeram doenças, violência e degradação ambiental, causando uma crise humanitária que persiste até hoje.
Em anos recentes, os Yanomami têm enfrentado graves ameaças devido ao avanço do garimpo ilegal em suas terras, resultando em contaminação por mercúrio, desmatamento, violência e propagação de doenças como malária e COVID-19. Lideranças Yanomami como Davi Kopenawa têm ganhado projeção internacional em sua luta pela defesa dos direitos indígenas e da floresta amazônica.