O Tenentismo
O Tenentismo foi um movimento político-militar que ocorreu no Brasil durante as décadas de 1920 e 1930, liderado por jovens oficiais do Exército, principalmente tenentes, que se opunham à estrutura oligárquica da República Velha (1889-1930) e defendiam reformas políticas e sociais no país.
O movimento surgiu em um contexto de crescente insatisfação com o sistema político dominado pelas oligarquias rurais, especialmente de São Paulo e Minas Gerais (a chamada política do "café com leite"), e foi influenciado por ideais nacionalistas, modernizantes e, em alguns casos, pelo positivismo.
Os tenentes criticavam a corrupção eleitoral, o coronelismo, a falta de representatividade política das classes médias urbanas e militares, e defendiam reformas como o voto secreto, a justiça eleitoral independente, a centralização política e o desenvolvimento nacional autônomo.
O movimento manifestou-se através de uma série de revoltas militares, começando com a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 5 de julho de 1922, quando jovens oficiais se rebelaram contra a posse de Artur Bernardes como presidente. Embora fracassada, esta revolta tornou-se um símbolo do movimento, especialmente pela imagem dos "18 do Forte", que marcharam pela praia de Copacabana enfrentando tropas governamentais muito superiores.
Outras revoltas tenentistas importantes incluem a Revolta Paulista de 1924, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, e a Coluna Prestes (1925-1927), uma marcha de cerca de 25.000 km pelo interior do Brasil liderada por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, que buscava instigar revoltas populares contra o governo federal.
Embora as revoltas tenentistas tenham sido militarmente derrotadas, o movimento contribuiu significativamente para o desgaste da República Velha e para a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Muitos líderes tenentistas, como Juarez Távora, Eduardo Gomes e João Alberto Lins de Barros, ocuparam posições importantes no governo Vargas, especialmente como interventores federais nos estados.
O tenentismo não constituía um movimento ideologicamente homogêneo. Após 1930, seus membros seguiram caminhos políticos diversos: alguns aderiram ao integralismo (movimento de inspiração fascista), outros ao comunismo (como Luís Carlos Prestes), e a maioria apoiou o governo Vargas, pelo menos inicialmente.
O legado do tenentismo inclui a valorização do papel político das Forças Armadas como "poder moderador" e agente de modernização nacional, uma visão que influenciaria a política brasileira por décadas, culminando com o golpe militar de 1964.